Diante da crise de desassistência sanitária na Reserva Indígena Yanomami em Roraima, o Governo Federal já garantiu a entrega de mais de 75 toneladas de mantimentos e medicamentos à população da região até 3 de fevereiro. O número é referente a 3.785 cestas básicas.
O trabalho é coordenado pelo Ministério da Defesa e executado pela Força Aérea Brasileira (FAB), que transporta os suprimentos desde 21 de janeiro, diariamente para aldeias Yanomami – o maior território indígena do país. A montagem, preparação e entrega dos suprimentos fazem parte de um trabalho conjunto com o Exército Brasileiro.
Os kits estão sendo enviados por cinco aeronaves (C-98 Caravan, C-97 Brasília, C-105 Amazonas, C-130 Hércules e KC-390 Millennium), que realizam os lançamentos aéreos com paraquedas, em função do difícil acesso à região, e helicópteros, em especial o H-60 Black Hawk.
Neste período, a FAB viabilizou, também, 37 evacuações aeromédicas com indígenas em situação grave de saúde. Os militares já realizaram mais de 600 atendimentos médicos e acumulam mais de 340 horas de voo em trabalho de ajuda humanitária.
HOSPITAL DE CAMPANHA - A FAB instalou um Hospital de Campanha ao lado da Casa de Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista (RR), a fim de auxiliar o Ministério da Saúde no apoio à crise da região. Desde 27 de janeiro, houve 600 atendimentos a indígenas Yanomami.
O hospital conta com equipe multidisciplinar e já foram empregados mais de 300 militares médicos, com especialidades em ortopedia, cirurgia geral, pediatria, radiologia, ginecologia e patologia. A estrutura também tem capacidade de realizar exames laboratoriais, ultrassonografias e dispõe de leitos de estabilização. Pacientes em estados mais graves são encaminhados para outros hospitais de Boa Vista.
Diante das denúncias de um quadro crítico de desnutrição, de dezenas de casos de malária e de insegurança alimentar e social na Terra Indígena Yanomami, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, viajou com uma comitiva a Boa Vista (RR) em 21 de janeiro e visitou a Casa de Saúde Indígena Yanomami (CASAI). O presidente editou um decreto que cria o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das populações em território Yanomami. Ficou determinado que os ministros de diversas áreas adotassem medidas de enfrentamento à grave crise dos povos Yanomami.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou uma portaria que declara Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional diante da necessidade de ação urgente. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou a abertura de inquérito policial para apurar o crime de genocídio e crimes ambientais no território indígena. A Polícia Federal ficou responsável por apurar responsabilidades e punir culpados.
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, por sua vez, enviou comitiva para levantar informações e fazer diagnósticos sobre a tragédia humanitária. Uma nova equipe estará em campo nesta próxima semana. Estão previstas visitas de campo a aldeias que integram o território Yanomami em Surucucu. Demandas locais e denúncias de violações serão colhidas pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Uma comitiva com integrantes do Ministério dos Povos Indígenas também está em campo em Roraima, com previsão de atividades de campo, reunião na CASAI neste sábado e visita a Surucucu no domingo.
Representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) articularam o envio de cestas de alimentos e tiveram reuniões com representantes do estado e do município para avaliar as condições de prestações de serviços em assistência social na região.