Câmara aprova grupo de trabalho para apurar denúncias de yanomamis

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, na tarde desta terça-feira (3/5), por unanimidade, a criação de um grupo de trabalho para apurar as denúncias de violência na Terra Indígena (TI) Yanomami. O requerimento foi apresentado pela deputada Joênia Wapichana (Rede-RR), única representante de povos originários entre os 513 parlamentares da Casa.



No documento, é pedida a instauração do grupo para que seja possível “acompanhar, fazer diligência e propor providências ante à situação de violências e violações a que estão sendo submetidas crianças, adolescentes e mulheres da comunidade Aracaçá, região de Waikás”.

Wapichana indicou que o próximo passo é definir quem comporá o grupo, “e assim poder realizar debates, reuniões, inclusive propor diligência e ter informações do Poder Executivo das providências que têm sido tomadas”, pontuou a deputada.

“Esse grupo de trabalho tenta frear a violência, mas também coloca a CCJ para fazer essa pressão, para que as coisas aconteçam”, finalizou.

A TI Yanomami – maior do país, com cerca de 10 milhões de hectares – ocupa o centro do debate público desde que denúncias de violências física e sexual por parte de garimpeiros ilegais têm tomado o noticiário. Em abril, o Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi YY) denunciou a ação de garimpeiros presentes na região, que teriam, de acordo com a instituição, estuprado uma menina de 12 anos e arremessado um bebê de 3 meses no Rio Uraricoera.

Desde a última segunda-feira (2/5), ativistas têm questionado o que aconteceu com a aldeia, incendiada logo após as denúncias se tornarem públicas. Cerca de 20 moradores ainda estão desaparecidos. Conforme o comunicado do comitê, muitos indígenas foram subornados com quantias que chegavam a 5g de ouro – o mesmo retirado da terra que ocupam. Os indígenas deixaram o local na quinta-feira (28/4).