O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) de Cruzeiro do Sul iniciou uma investigação sobre pessoas em situação de rua que estão morando no cemitério, que fica no Centro da cidade. Visitantes, inclusive, reclamam de vandalismo e depredação dos túmulos. Segundo as denúncias, os moradores de rua fazem fogo nos túmulos para fazer comida e têm furtado placas das sepulturas.
Uma dessas pessoas que estão morando no cemitério é José Nicolau, que está em situação de rua há cerca de 8 meses. Ele conta que é usuário de drogas e, por isso, vive nas ruas. José disse que escolheu o cemitério por achar que é um lugar seguro.“Sou usuário, dependente químico, e não gosto de estar no meio da rua fumando porque batem, agridem e querem roubar. É uma escolha minha mesmo, não foi ninguém que me colocou na rua, é escolha minha ficar na rua. E escolhi aqui porque é um lugar de descanso, os que estão aqui [mortos] não fazem mal”, disse.
Porém, para os visitantes essa ocupação resulta em lápides violadas e até furtos de placas de bronze.
Depredação e abandono
“A realidade é que a hora que você vier você topa com algum deles aqui dentro. Vim visitar o túmulo da minha avó e eles quebraram o portão, levaram a placa, está um caos total.E aqui só tem um funcionário para dar conta de tudo e nem pode falar nada, porque tem medo”, diz o visitante, que prefere não se identificar.
A pessoas completa ainda que vez ou outra o funcionário fala com esses moradores de rua, mas que o problema não se resolve. Os visitantes também se sentem inseguros de ir até o local prestar homenagens ou zelas pelos familiares que já morreram.
“A gente tem medo porque todos eles andam armados, com faca na cintura. A gente só vem aqui quando liga e confirma que o único funcionário está aqui. Os moradores de rua não sem, eles só mudam de túmulo. Eles quebram os túmulos, quebram os portões que têm cadeados, fazem fogo, comida. Tem dia que a gente chega aqui e eles estão cozinhando, fazem túmulo de fogão e sem contar a quantidade de lixo”, reclama.
José Nicolau se defende e diz que essa depredação não é feita pelas pessoas em situação de rua. “São pessoas de outros locais, porque eu faço é cuidar daqui”, garante.
Creas acompanha
“”O Crea tem ido ao local, tem tido uma certa dificuldade em levantar o número exato de pessoas que estão residindo lá, mas nos disseram que tem de 10 a 11 pessoas, mas, no momento alcançamos três que circulam no local. Porém, ainda não fizemos um relatório preciso, um diagnóstico mais profundo, porque também temos dificuldade de encontrá-lo”
Herculano diz que foi confirmado que apenas um mora no local e que eles pretender fazer uma investigação para identificar a história e a família do homem para que sejam feitos os encaminhamentos necessários tanto para o morador de rua quanto para a família.