Prefeitura de Guajará-Mirim, RO, remove parte dos trilhos da EFMM durante obra e gera revolta em moradores


Parte dos trilhos e dormentes da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM) em Guajará-Mirim (RO) foram removidos pela prefeitura da cidade. A remoção foi feita para a construção de uma estrada, e gerou polêmica, já que os trilhos são considerados patrimônio histórico. 

Alguns moradores da cidade que residem próximos ao local da obra e viram os trilhos e dormentes jogados na lateral da estrada procuraram órgãos responsáveis para fazer denúncia. 

A ação não poderia ter sido realizada pois, além de ser um patrimônio da cidade, a movimentação das peças só pode ser feita com a autorização da Superintendência da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer (Sejucel), que informou que sequer foi comunicada de que algo do tipo seria feito. 

A Rede Amazônica entrou em contato com a prefeitura de Guajará-Mirim, mas não obteve retorno. 






Tombamento da área

De acordo com a Associação dos Ferroviários, a ação é preocupante pois existe um projeto de avaliar a área para tombamento federal. E quanto mais preservada a área, melhor para conseguir o título. 

A historiadora Rita Vieira explica que apenas algumas parte da EFMM são tombadas como patrimônio histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

"Infelizmente nem todas as partes dos 366 quilômetros da Estrada de Ferro Madeira Mamoré são tombados como patrimônio. Então nós temos essas ações que as vezes são promovidas por propriedades privadas ou até mesmo pelo poder público, que deveria ser o cuidador do patrimônio histórico, mas acaba rompendo com isso e acaba destruindo parte do patrimônio. Como tombado nós temos pelo Iphan em Rondônia o trecho que vai do centro de Porto Velho, do pátio, até a igreja de Santo Antônio, que são os 7 quilômetros iniciais da Madeira Mamoré. Em Guajará-Mirim o que a gente tem tombado é a parte próxima ao porto de travessia para a Bolívia".

A professora também conta que, como muitos dos trilhos estão dentro de propriedades privadas, muitas vezes ficam a mercê de pessoas que não tem intenção de preservar. 

"Os trilhos estão em meio a propriedades privadas e aí a gente tem a ação de propriedades privadas, a ação do poder público que não luta pela preservação dos trilhos que estão fora do que é tombado como patrimônio histórico. Como historiadora eu fico muito triste em ver ações como essa, mas a gente precisa trabalhar também a questão da identidade nas populações rondonienses a respeito do pertencimento da história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré para que essa população possa cobrar do poder público". 

A área destruída em Guajará-Mirim não faz parte do tombamento do Iphan. A responsabilidade pelo monitoramento e fiscalização é do Governo do Estado. 

A Sejucel informou que já notificou a Superintendência do Patrimônio da União para que tomasse as providências e que também foi feita diligência em todo o complexo da EFMM para um levantamento do que foi destruído.


Fonte: G1 notícias