O que se sabe sobre as 3 mortes por raiva humana em um mês em Minas Gerais

As vítimas viviam em uma aldeia indígena, no Vale do Mucuri; um quarto caso ainda segue sob investigação da Secretaria de Estado de Saúde.



Dois adolescentes de 12 anos e uma criança de 5 anos morreram vítimas da raiva humana em Minas Gerais. Os três casos confirmados da doença surgiram após 10 anos sem registros da doença no estado. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) investiga mais um caso suspeito. Trata-se de uma menina de 11 anos. 



Veja o que se sabe até agora sobre a doença:

1 - Quem são as vítimas 

Os adolescentes e a criança vítimas da doença eram da mesma família. Eles eram da etnia Maxacali e viviam na reserva indígena de Pradinho, em Bertópolis, na Região do Vale do Mucuri. 

O acesso à aldeia só é possível por meio de uma estrada vicinal, com 38 km de extensão. Conforme a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), há cerca de 1,5 mil indígenas na região. Eles vivem de artesanatos e da produção agrícola. 

Os maxacali mantém rituais religiosos e têm idioma próprio.

2) Como ocorreu a infecção?



De acordo com o Ministério da Saúde, a raiva é transmitida aos humanos por meio da saliva de animais infectados, principalmente por meio da mordedura. Mas ferimentos provocados por arranhões desses animais também podem transmitir a doença. 

Foi exatamente dessa forma que Zelilton Maxakali, de 12 anos, contraiu a raiva humana. A família contou aos médicos que ele havia sido atacado por um morcego 10 dias antes. Ele foi atendido no dia 3 de abril e morreu em menos de 24 horas.

A menina de 12 anos também apresentou sintomas e o caso foi notificado à SES-MG no dia 5 de abril. Na data seguinte, foi transferida de Bertópolis para o Hospital Infantil João Paulo II, em Belo Horizonte, onde permaneceu internada por 24 dias. Ela chegou a ocupar um leito de UTI, mas morreu no dia 29 de abril. 

No dia 17 de abril, a SES-MG tomou conhecimento da morte de uma criança de 5 anos que também vivia na aldeia. Ela não apresentou sintomas da doença, mas como havia parentesco próximo com as outras vítimas, o estado passou a investigar o caso, que foi confirmado em 26 de abril. As investigações continuam para saber como ocorreu a infecção.

Uma menina de 11 anos, da mesma comunidade indígena, está internada em Minas Gerais com febre e dor de cabeça. A SES-MG também investiga se ela está com raiva humana. O caso foi considerado suspeito no último dia 21 de abril e aguarda resultado dos exames laboratoriais. 

3) Quais são os sintomas da doença?

A doença pode não apresentar sintomas durante um intervalo de 45 dias. Mas segundo o Ministério da Saúde, o tempo de incubação pode mudar de acordo com diferentes fatores. Entre eles, a parte do corpo e a profundidade da mordida; e se a vítima for criança – quando a doença se desenvolve mais rapidamente. 

O vírus provoca: 

• mal-estar geral;

• pequeno aumento de temperatura;

• perda de apetite;

• dor de cabeça;

• náuseas;

• dor de garganta;

• fraqueza;

• irritabilidade;

• inquietude;

• sensação de angústia.

Os sinais podem permanecer de a 10 dias após o período de incubação. 

4) Como se prevenir?

Para evitar a contaminação, é preciso receber a vacina contra a raiva. O imunizante é aplicado em humanos e, também, nos animais domésticos. 



Anualmente, o governo faz campanha de vacinação antirrábica. A aplicação das doses em cães e gatos evitam a infecção de animais domésticos e prováveis transmissões para humanos. Até o dia 28 de abril, das 1.037 pessoas da comunidade de Pradinho, em Bertópolis, 802 já tinham recebido duas doses da vacina antirrábica humana.